[Jornada] Vor der Welt

Quando se fala em Midori, são poucas as pessoas que realmente sabem o que é. Todas as vezes surge alguém acreditando que se trata do nome de alguma pessoa ou lugar estranho que pertence a algum tipo de cultura, mas nunca pensam que realmente é uma região. Até mesmo eu sofri com isso, quando tive de me mudar para lá ainda criança.  E um dos motivos para isso, é a total inexistência de espécies próprias da região, isto é, todos os Pokémon encontrados aqui, são originais de outros locais do mundo.

Como meu pai havia morrido no inverno daquele ano, minha mãe acabou por não querer continuar ali, voltando para a região em que seus pais nasceram. Antes de tudo isso, não fazia a mínima ideia de onde iríamos — ainda mais por ser somente um menino inocente. Apesar de tudo, não fora difícil me estabelecer no novo local. As cidades são calmas, nenhum tipo de poluição ou barulhos exagerados como havia na antiga metrópole em que vivia, lá em Unova. Porém, eu também tive a ajuda de Pabu, um Sentret amigável que me ajudou e muito a aprender sobre os conceitos de treinador e sobre os próprios Pokémon em si. E isto despertou minha vontade de treiná-los e ainda mais a intenção de se aventurar por aí.


— Enfim poderemos sair em nossa jornada. — Escalando minha mochila, o roedor subiu sobre minha costa, apoiando-se sobre um dos ombros ao final. — Demorou um pouco, contudo, acredito que isto seja bom, pois entendemos melhor as coisas desse mundo. — Dizia calmamente, ao mesmo tempo em que lembrava das vezes em que fiz pirraça contra minha mãe por me proibir de sair mais cedo. — Vamos em frente. — Finalizava. Pabu se segurou firme, ao subir na mochila e usá-la de apoio para não cair. Apesar de pesar um pouco, não me importava em carregá-lo, deixando-o ali até a próxima parada.

O dia estava calmo, com o sol quente, mas não tão agravante, sobre o céu. Sentret me seguia em meio a suas várias corridas entre as árvores e arbustos, brincando e pulando sobre tudo. Apesar de achar que aquilo iria acabar me trazendo algum problema, como um Pokémon selvagem monstruoso e feroz me atacando, porém, resolvi deixa-lo feliz, ao menos por enquanto.

— Já faz alguns dias que saímos de casa. — Dizia enquanto olhava para o horizonte, deixando uma das mãos acima de meus olhos, para a luz do sol não incomodar tanto. — Espero chegar até a próxima cidade logo. — Entre todas as outras coisas que odiava, as rotas gigantescas da região era a que mais tomava minha raiva naquele momento. Eu simplesmente não nasci para ter de andar por inúmeros quilômetros no meio de florestas e campos, sem contar os outros biomas que ainda estão à frente.

Joguei bruscamente a minha mochila sobre uma árvore com parte de suas raízes para fora, sentando-me ali em seguida. Aproveitei o observei o aplicativo do Town Map, presente na Pokédex. — Ainda falta quase um dia de viagem... — Emburrado como uma criança, guardei o aparelho e fiquei olhando o pequeno Sentret vir até mim, todo coberto de pedaços de galhos e algumas folhas. Acabei não conseguindo ficar sério e o peguei no colo, limpando seu pelo liso e macio.

Ainda nos encontrávamos no meio da manhã, então acabei por ficar ali até depois do almoço. Aos poucos preparei aquela típica comida enlatada e que possivelmente me mataria, junto da ração especial para Pokémon. Sempre achei esses tipos de alimentos ruins e um pouco nojentos, contudo não poderia esquecer que estava no meio do nada, não poderia me dar ao luxo de um banquete completo. Sentret, por outro lado, gostava e muito daquilo, comendo sem parar até que o pote estivesse vazio, e se deitando quando terminasse.


— OK! Hora de partir! — Exclamava enquanto me espreguiçava já com a mochila em minha costa. Suspirei fundo e segui para a estrada, indo em direção ao norte. O roedor aproveitou e pulou sobre meu ombro, ficando ali enquanto não via nada que o entretece ou pudesse brincar novamente.


— Goo... — O anseio da criatura quase não tinha som. Cansado e abatido em seus ferimentos, rasteja seu corpo gosmento pelo chão gramado a espera de algum local para se recuperar. Sempre que ouvia algum ruído, o pequeno observava todos os lados com temor e se fechava em pânico, “correndo” para alguma direção aleatória depois de tudo. — Goo... Goomy... — Já não aguentava mais se esgueirar por aí.

Fitando o penhasco, ele cogitava a opção de dar um fim em tudo e cair logo dali. Fechou seus olhos e suspirou várias vezes em desdém. A decisão era difícil, e passar por tudo aquilo sabe-se lá por mais quanto tempo era extremamente horrível. Isso até uma sombra pairar sobre seu corpo. O ar a sua volta ficou gélido, fazendo com que tremesse (Tanto de medo quanto pela temperatura). O Pokémon sabia que o causador de sua aversão estava ali. Não havia mais escapatória. — Glalie!! — Gritou, enquanto seu corpo brilhava e da ponta de seus chifres uma espécie de estaca de gelo se formava, caindo em cima do alvo em questão de poucos segundos. — Goo!! — Também gritou ao ser atingido. Seu corpo caiu alguns metros e ponderou sobre a borda do lugar, ameaçando finalmente cair.

O olhar sádico do monstro gélido se firmou sobre a lesma, que por fim se deixou cair em queda livre, sem se importar como ficaria ao final.


Grunhindo de longe, Pabu se ergueu em sua cauda — Ação típica de sua espécie, quando estão alertas sobre alguma coisa. De início não entendi muito bem o que ele queria dizer, muito menos mostrar, então caminhei com calma até a beira do riacho, apesar de temer algum pedaço do penhasco ao lado cair sobre mim, ainda mais vendo todas as rochas pontudas dentro da água. Quando finalmente notei o pedaço de massa molenga que estava ali, percebi que se tratava de algum Pokémon ferido. Rapidamente saquei a Pokédex, para ver se conseguia alguma informação útil sobre ele.



— “O mais fraco entre todos os Dragões”. Isso é um tipo Dragon? — Cutuquei-o com uma das mãos, esperando alguma reação de verdade, todavia, ele somente se encolheu mais e tremeu um pouco, como se estivesse chorando de medo. Suspirei fundo e com força o arranquei dali. Aquela gosma que ficava em volta dele, apesar de escorregadia, também era bem forte para grudar em alguns lugares. — Vou cuidar de você, tudo bem? — Perguntei, por mais que já soubesse que não haveria uma resposta direta. Aos poucos apliquei uma poção sobre os ferimentos mais visíveis, cobrindo-os então com um curativo pequeno e simples. Sentret também me ajudou a molhá-lo um pouco, quando seu corpo estivesse quase seco.

Cansado com todo o trabalho, coloquei o pequeno Goomy sobre meu colo e me apoiei em algum canto, descansando ali, e impedindo que ele tentasse fugir para longe. Entretanto, de nada adiantou.

Senti um frio na espinha, como se jogassem gelo sobre mim. O dragão rapidamente ergueu suas antenas e se agitou, balançando de um lado a outro. — Ei! O que foi? — Desta vez a resposta veio, e em uma forma física ainda. Caindo rapidamente enquanto atacava vários raios em ciano, dois flocos de neve vivos e uma bola de gelo com chifres veio até minha frente. Senti o ar ficar mais frio, dando a mesma sensação que senti a poucos segundos, mas agora ainda mais forte. Goomy estava em pânico, e por isso, não consegui o segurar, deixando que corresse para um lado qualquer.

— Droga! — Sentret tentou ir atrás dele, correndo o mais rápido que pode. Porém, acabou sendo acertado por uma espécie de chicote de um dos monstrinhos repetidos que vieram, assim sendo derrubado no chão. Goomy entrou dentro de um arbusto e ficou lá observando a briga que se firmava, ainda temendo o pior. — Eu não lembro de ter deixado você encostar no Pabu. — Dizia seriamente. Não gostava de ficar com esse ar de “adulto”, mas alguma coisa dentro de mim dizia que era preciso. — Vamos à batalha.

Oi coleguinha: