[Jornada] Mary'

#001 - Um Sonho

Tente alcançar o impossível!

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O vento soprava a cortina, enquanto o sol aproveitava a brecha para invadir o quarto. A brisa do campo era a melhor coisa daquele lugar, logo depois dos Pokémon é claro. Viver longe das cidades, longe do barulho e das luzes cegantes. Muitos gostariam de ter nossa vida se não fosse pelo fato de vivermos sem a tecnologia ao estremo. O mais avançado que temos é a televisão, que atualmente é a considerada de Tv dos avôs.
Vida Simples, resumida em: acorda cedo, vai trabalhar/estudar, volta pra casa, dorme. Alguns, bem poucos mesmo, conseguem escapar dessa rotina, mas pra isso você deve ter entre 15 a 18 anos e seu nome na lista dos escolhidos.
A cada ano, três adolescentes são escolhidos para receberem um Pokémon inicial de uma região aleatória. Em um dia escolhido pelas pessoas, o professor da região sorteada vem para a cidade e faz a entrega. A partir desse dia os escolhidos partem em uma jornada Pokémon aonde escolhem o que querem ser na vida. A única coisa que sabemos é que ninguém nunca volta...

Resmunguei quando o sol voltou a lamber o meu rosto. Com calma levanto da cama e caminho até o banheiro. Volto a resmungar quando percebo que dia era. "Tantos nomes pra irem pra lista, tantas pessoas querendo sair daqui e foi cair justo eu."
Demoro um pouco pra sair do quarto, não estava com a menor pressa de enfrentar aquele dia. No final acabo me arrumando no tempo de sempre com o atraso de 5 minutos. Lá embaixo minha mãe já me chamava com um tom um pouco mais animado que o normal.
Engraçado, até ela esta mais animada do que eu. Desço as escadas e dou de cara com os meus pais.
- Quem diria que seria escolhida esse ano! - Minha mãe estava bem empolgada, mas ainda assim dava pra ver a tristeza nela.
- É... E eu nem sei o que vou fazer... - Minha voz acabou falhando e tive vontade de voltar pro quarto.
- Sonhos nem sempre vem de um dia pro outro. - Meu pai mantinha a calma e ainda assim parecia serio.
- Vem, vamos tomar café. Quem sabe podemos ajudar. - Ela já foi saltitando pra mesa.
Enquanto eu e minha mãe conversávamos, meu pai lia o jornal. Podia ser um dia "especial", mas ainda parecia um dia comum. De repente entre uma mordida e outra na torrada um jornal foi posto a minha frente. Bem na primeira linha já se lia o titulo: "Líder do Wingeon foi encontrado morto nessa madrugada.”
Wingeon, o clã dos tipos Dragon/Flying, um dos mais poderosos de todos. Quando eu era criança sonhava em entrar nele, não pelo poder e sim por meu amor aos voadores. Eu admirava o líder assim como todos os conselheiros do clã, era um pouco triste receber aquela noticia principalmente em um dia como esse.
- Porque você não tenta? - Ele deixa o jornal em minhas mãos e volta a comer.
Lendo o resto da noticia percebi que se tratava de uma chance para que novos membros pudessem se inscrever e se tivessem grande força poderiam se tornar o novo líder.
- Pra isso eu teria que ter um time de Dragon/Flying e ser muito boa, mas né deixando isso de lado vamos lembrar que irei iniciar hoje como novata sendo que já deve ter treinadores bem especializados lá. - Falei soltando um pouco de ironia.
- Você queria uma meta, um sonho, ai tem uma, basta você aceitar. - Ele nem olha pra mim de tão concentrado que estava em seu café.
- Quero algo possível e não um sonho de criança.
- Será impossível se você não tentar. - Falou a minha mãe calmamente.
“Me tornar a líder do Wingeon... Um sonho que eu sempre quis realizar e agora eu posso tentar ir atrás dele. Tudo bem vai, tenho nada a perder mesmo.”

Com um pouco de ajuda arrumei as minhas coisas e parti para o centro do vilarejo. Pelo caminho colhi algumas maçãs, um grande símbolo da cidade se não for o seu maior orgulho.
Caminhei com calma pela estrada de terra até a prefeitura. O local já estava aberto e no quadro da porta estava a lista com os três nomes mais a região do ano: Kanto.
“Se eu tiver sorte poderei escolher o Charmander e já sai daqui com um Flying, ou pelo menos terei quando ele evoluir."
Segui as placas até cair em um laboratório improvisado, nele o professor já explicava aos outros dois estudantes como os aparelhos funcionavam, por sorte tinha chegado a tempo de ouvir sobre a famosa Pokedex, o dispositivo que identificava varias espécies de Pokémon só de apontar. Além disso, ela tinha outras funções como mapa, comunicação, identificação de gyns e eventos próximos, ela ainda se carrega com a luz do sol e se tiver conexão com Wi-Fi (seja lá o que for isso) pode baixar musica pra se escutar durante a jornada. Era o único dispositivo que eu realmente queria ouvir o resto eu fiz o mesmo que fazia na escola apenas fingi prestar atenção. Olhando pra mesa atrás do adulto a nossa frente, se encontrava 3 pokeballs, reparei que aqueles se tratavam dos iniciais. Graças ao plástico transparente vi que o Charamander não estava nem ai pro que estava acontecendo, o pequeno apenas olhava pros lados esperando a hora de sair daqui. Na hora me identifiquei com ele.
Depois de pelo menos 10 minutos de explicação o professor enfim apresentou os iniciais para nos. Bulbasaur do tipo grama, Charmander do tipo fogo e Squirtle do tipo água. Já conhecia os três graças à escola. "Pelo menos algo de útil eu aprendi" Assim que ele nos deixou escolher fui direto ao pequeno Charmander, não esperei nem as reclamações, apenas peguei as pokeballs extras mais a pokedex e sai.
Charmander sempre foi o Pokémon modinha e o mais escolhido por todos, não podia me dar ao luxo de esperar os outros escolherem. Caminhei para fora da cidade segurando em minha mão a pokeball do meu novo companheiro.

Assim que estava em uma distancia segura liberei o monstrinho para que pudesse conhecê-lo. De imediato reparei que se tratava de uma fêmea graças aos seus longos cílios, ela me olhava com seu olhos azuis como se esperasse alguma coisa. Acariciei suas costas enquanto dava um longo suspiro e voltei a caminhar pela estrada de terra. Como esperado o Pokémon veio logo atrás me acompanhando um pouco desengonçado com suas pequenas perninhas.
Andando por alguns minutos percebi que a coitada estava um pouco cansada, provavelmente pela falta de exercício. Com cuidado a peguei no colo e a coloquei no ombro deixando que se apoiasse em mim. Ela era bem doce e parecia estar contente por estar do lado de fora.

A longa planície parecia deserta, tendo somente algumas árvores aleatórias pelo campo. Uma cerca de madeira separava a estrada de terra do gramado. Alguns metros a frente essa mesma cerca já sumia liberando o caminho. Já o Sol lutava contra as nuvens tentando iluminar o chão abaixo.

Por volta do meio dia sai da estrada e me dirigi a uma árvore, ela não estava muito longe do caminho então decidi descansar um pouco por ali mesmo. Sentei-me na sombra e estiquei as pernas. A Chamander desce do meu ombro e olha pra árvore. A Pokémon era mais esperta pelo que parecia, ela usa as garras e sobe pelo tronco, no topo arranca duas maçãs que estavam escondidas pelas folhagens e desce em um único salto, ficando em pé com toda graça. Eu aceito uma das frutas  um pouco espantada com a facilidade do Pokémon ao colheras.
Enquanto comíamos fui citando alguns nomes aleatórios, afinal um Pokémon como aqueles merecia um apelido pelo menos. A maioria desagradou a pequena e assim como muitas meninas ela parecia um pouco fresca quanto a isso. Por fim entramos em um acordo e seu apelido acabou ficando como Carla. O tempo foi passando e a conversa foi fluindo, contei sobre a minha vida e o que chamou mais atenção foi a Pokémon se interessar bastante pela cidadezinha.
- Quem sabe se um dia voltarmos eu te mostro a cidade toda.
Os olhos de Carla brilharam com a ideia e isso me fez imaginar o longo caminho teríamos que percorrer antes de voltarmos. Não queria estragar a felicidade da minha Pokémon e jurei a mim mesma que um dia voltaria. A ideia me encheu de animo e com um salto levantei pronta pra partir. Recolhemos as coisas e esperei Carla colher mais algumas maçãs para levarmos na viagem. Com um susto escutei um piado vindo da árvore. A Chamander cai com tudo no chão e logo atrás dela vinha um pássaro marrom e bege, ele parecia usar uma mascara preta em volta dos olhos. Demorei alguns segundos até perceber que se tratava de um Pidgey.
“Um Pokémon Flying, ta ai minha chance.”
- Vamos Carla, quero ver o que podemos fazer.


- Comece com o Ember!
A Charmander  levanta e desvia do pássaro. O Pokémon cai no chão com o bico enterrado na terra dando uma chance ao Pokémon de fogo. Brasas quentes saem de sua boca voando diretamente as penas de Pidgey. Com um piado o Pokémon se solta e levanta voo ficando acima da Carla. Em duas voltas ele mergulha, um rastro branco é deixado pra trás enquanto o Pokémon avança sobre o seu alvo. O golpe foi forte o suficiente para fazer a Charmander recuar.
- Scratch e tente joga-lo no chão.
Com um pulo e com as garras brilhando, Carla da um pulo tentando alcançar Pidgey, pro azar dela o Pokémon estava voando muito além do seu alcance o que deixou impossível atingi-lo.
Com graça o pássaro voava de um lado pro outro na maior tranquilidade. A raiva dominou a Charmander e sem nenhuma ordem ela abre a boca deixando chamas crescerem ali, em um impulso ela dispara uma rajada de fogo contra Pidgey. As chamas envolvem o pássaro causando-lhe grandes danos. Ele cai, porem antes de atingir o chão, a Pokémon de fogo pula e com as garras brilhando joga ele com tudo no chão.
“Revoltada que nem eu.”
- Já vi que a potencia aqui é fogo. - Falei suspirando. - Use o Flame Burst.
Com o peito estufado a Pokémon se prepara pro próximo golpe.
Pidgey com um pouco de dificuldades se levanta e leva um susto em ver o próximo golpe quase pronto, ele levanta voo um pouco desequilibrado e com batidas fortes levanta uma grande quantidade de areia do chão criando uma espécie de nuvem a sua volta. A Charmander libera uma esfera de fogo de sua boca. A bola atinge o meio da nuvem e explode jogando algumas brasas em volta.
Assim que a fumaça some, Pidgey aparece acima do local da explosão. Com um rápido movimento o pássaro bate as asas criando varias laminas de ar. O ataque voa ate seu alvo e além de acertar cria uma pequena explosão.
- Droga! Parece que erramos. Tente o Flamethrower novamente.
Pidgey voava um pouco fora de equilíbrio ameaçando cair a qualquer momento. Carla sai do meio da fumaça ficando logo abaixo do seu oponente. Sem perder tempo ela enche os pulmões de ar e deixa as chamas dominarem sua boca, com uma rajada o fogo voa até seu alvo, o envolvendo e queimando suas penas. O pássaro enfim perde por completo o equilíbrio e cai no chão. Por pouco a Charmander sai de baixo, deixando o caminho livre.
O Pokémon ainda tenta se levantar e mesmo que seja pequeno ele consegue, se equilibrando em suas garras. Sem abrir as asas ele corre até Carla e determinado se joga em cima dela. Os dois rolam no chão, indo parar no pé da árvore.
- Caraca, você não desiste mesmo em! Carla, Fire Fang.
A Charmander se levanta com um pouco de dificuldades e se afasta alguns passos. Pidgey tentava se colocar em pé de novo, mas logo foi repreendido por outro ataque. Sua asa direita foi presa em uma mandígula de chamas e contra sua vontade foi jogado contra o tronco da árvore atrás dele.
Alguns segundos se passaram e o pássaro ficou por ali mesmo.


Retiro uma das Pokéballs vazias do meu bolso e jogo contra o Pokémon no chão. A esfera toca nas penas e com uma luz avermelhada suga o Pidgey pra dentro de si. Alguns segundos de tenção se passaram até que a Pokéball parou e com uma luz verde sinalizou que a captura estava completa.
- CONSEGUI!!!!!! - Gritei pulando de alegria.
Vou até a esfera e a pego.
- Capturei o meu primeiro pokemon!! - Exclamei emocionada.
Fiquei um bom tempo comemorando e gastando energia até estar completamente cansada. Voltei de novo para a sombra da árvore e me sentei ao lado da minha Charmander.
Ficamos ali por mais alguns minutos e com um animo novo nós duas voltamos a caminhar na esperança de achar uma cidade mais pra frente.

[CONTINUA...]

Extra:

#002 - XXXXXXXX

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